Obras publicadas

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capa da
edição brasileira

 

 

Um quarto de légua em quadro
Movimento, 1976

Situado no período de 1752-1753, primórdios do povoamento açoriano do Rio Grande do Sul, esse romance, escrito em forma de diário pelo médico Gaspar de Fróis, discute as raízes e a gênese do nosso povo. Em Um quarto de légua em quadro, o drama pessoal de Gaspar se funde ao drama coletivo; sem o desejar, o médico torna-se cúmplice e partícipe de fatos que nunca desejou houvessem acontecido. Obra de estréia, esse romance viria estabelecer o caminho estético do autor.

 


capa da
edição portuguesa


cartaz do filme
Diário de um
mundo novo,
baseado no livro
Um quarto de légua em quadro


A prole do corvo
Movimento, 1978

Painel do que foi o último ano da Guerra dos Farrapos, pondo a nu fatos não revelados, e recriando um universo caótico, de guerra, de paz e de ódio, num romance em que a grande personagem é a intolerância humana. Em A prole do corvo, as personagens centrais resultam num elenco representativo de seu tempo: Chicão Paiva - o estancieiro de Santa Flora - o soldado Cássio, Laurita e a personagem-eixo, Filhinho. O pano de fundo e, conseqüentemente, a atmosfera em que se desencadeia a ação, é a Guerra dos Farrapos (1835-1845), sobre a qual o autor lança uma luz, reveladora de traços obscurecidos de suas mais importantes personagens.

Perpassa, por todo o romance, a dor, o desencanto e a amargura daqueles que ingenuamente não se engajaram no movimento revolucionário e que desconhecem os esquemas de interesses econômicos que sustentam todas as guerras, tanto as de hoje como as de ontem.


Bacia das almas
L&PM, 1981 - Mercado Aberto, 1992

Bacia das almas abrange o séc. 20, cobrindo um período que se estende até os últimos anos da década de 30. A ação transcorre na fazenda Santa Flora e em Aguaclara, sede do município do qual a figura central do relato, o Coronel Trajano, é prefeito. Ainda que por meio da corrupção e violência, Trajano desfruta do mando político. Já seu filho Gonçalo, seguidor de Plínio Salgado, fracassa em todas as iniciativas, não lhe bastando o dinheiro e a força para se assegurar do comando. É esta desigualdade que configura a versão da História sulina que subjaz no romance: a geração positivista, que foi responsável pelo exercício da autoridade e do arbítrio no Estado desde sua fundação, produz uma descendência política simultaneamente incapaz e doentia.


Manhã transfigurada
L&PM, 1982 - Mercado Aberto, 1992 - L&PM, 2010

Temos aqui uma novela cujo eixo dramático é um triângulo amoroso surgido à sombra das torres da igreja de Viamão, a qual se torna palco de uma história trágica. Preso um sistema de valores ao qual aderiu pelos votos perpétuos, Ramiro é o pároco que, dividido entre a carne e o espírito, não consegue viabilizar para si a saída encontrada por seu sacristão, Bernardo, um homem da terra, cujo espectro de opções exclui o sentido da culpa. No terceiro vértice está Camila, a mulher que, presa em sua casa por uma ordem judicial, ocorrida na seqüência de um processo de anulação de casamento, não entende seu próprio corpo e suas emoções.


As virtudes da casa
Mercado Aberto, 1985

Romance psicológico, As virtudes da casa é um estudo da alma rio-grandense dos primórdios do século 19. A trama recria a peça dramática de Ésquilo, o Agamêmnon, em pleno pampa rio-grandense do Sul. No papel-título do original grego, está o Coronel Baltazar Antão Rodrigues de Serpa, estancieiro e comandante militar, o qual vai à guerra contra Artigas; como Cliptemnestra está Micaela, sua esposa fiel até então, cuja vida se transtorna com o surgimento do estrangeiro (Egisto), na pele do naturalista francês Félicien de Clavière. Os filhos de Baltazar Antão e Micaela são Jacinto (Orestes) e Isabel (Electra). Com os atores a postos, desenvolve-se a tragédia.

A grande questão que se coloca é, ao mesmo tempo, simples e complexa: em que medida é possível condenar as ações daqueles que, vivendo no microcosmo de uma estância gaúcha, nada mais fazem do que viver suas existências em toda sua genuinidade?



capa da
edição brasileira


capa da
edição francesa

O homem amoroso
Mercado Aberto 1986

Abre-se o pano, o Maestro surge dos bastidores, coloca-se ante a platéia, curva-se aos aplausos e, voltando-se para os músicos, faz um momento de concentração e baixa a batuta.

A platéia, feliz, relaxa: daí por diante, tudo é fruição e fantasia. O público muitas vezes desconhece, porém, que uma orquestra sinfônica compõe-se de pessoas que também sofrem e têm seus conflitos, dos quais o maior talvez seja conciliar sua vocação com as circunstâncias especialíssimas em que a música sinfônica é realizada num país ainda às voltas coma a miséria e incompreensões de toda ordem. Cada concerto levado a termo é uma verdadeira façanha.

O autor pertenceu à orquestra Sinfônica de Porto Alegre no período que coincidiu com o do milagre brasileiro e do neo-ufanismo, mas também de uma extrema verticalização do poder, a qual se refletia inclusive nas relações entre a Administração da orquestra e seus músicos.

Para o autor, esta é uma obra de ficção, e como tal quer que ela seja entendida - ainda que esteja carregada de vivências, e entre estas a crise pessoal do protagonista ao atingir a emblemática idade de 40 anos.


Cães da Província
Mercado Aberto 1987 - L&PM, 2010

Em pleno século 19, a genialidade de um dramaturgo perturba a ordem da mediocridade provinciana, com rasgos da mais delicada lucidez. Desafiando os limites entre a ficção e o documento, Luiz Antonio de Assis Brasil revive, em Cães de Província, a alma dessa personagem antológica que foi Qorpo-Santo.

Esta não é uma biografia de José Joaquim de Campos Leão, auto-denominado Qorpo-Santo (1829-1883). Como o próprio autor ressalta, trata-se do imaginário dessa personagem contraditória da literatura dramática brasileira, e que foi considerado por alguns críticos como precursor do teatro do absurdo. Vítima de um processo de interdição por loucura, foi um homem cuja superioridade intelectual não foi entendida por seus contemporâneos. Qorpo-Santo ultrapassou os limites de seu tempo, criando um universo ficcional que recém agora está sendo valorizado pelo público e pela Academia.

Ao mesmo tempo em que trata deste genial criador, Assis Brasil desvela um mundo que, sob a aparência de um burgo tranqüilo, encerrava as mais fantásticas histórias de crimes, adultérios, incestos e crueldades.



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edição brasileira


capa do DVD
do filme de Fábio Barreto

Videiras de cristal
Mercado Aberto 1990 - L&PM, 2010

Ambientado na colônia germânica de Padre Eterno, aos pés do morro do Ferrabrás e nos anos de 1872 a 1874, Videiras de Cristal reconstitui um episódio fascinante da história de nosso país: liderada por uma frágil mulher, Jacobina Maurer, uma legião de colonos alemães revolta-se contra as instituições da época, enfrentando o próprio exército imperial. Personagem de lenda e verdade, Jacobina tinha sua imagem confundida com o próprio Cristo, fazendo previsões do fim do mundo e confortando os deserdados com promessas do paraíso celeste.

Os muckers (santarrões, hipócritas, em alemão) viveram lances de epopéia e paixão; seus perseguidores desde logo descobriram que teriam à frente um inimigo que não apenas conhecia muito bem o terreno, mas era imbuído de um ideal messiânico que ultrapaasava a compreensão dos estreitos limites de seu tempo.

Até hoje o episódio dos muckers desperta interesse e constrangimento, pois os descendentes de seus protagonistas ainda vivem na região conflagrada, onde o assunto é tratado com a máxima reserva.

Videiras de cristal foi, em 2002, objeto de adaptação cinematográfica por parte do diretor Fábio Barreto, com o título A paixão de Jacobina.


Perversas famílias
Primeiro volume da série
Um castelo no pampa.
Mercado Aberto 1992 - L&PM, 2010

Centrando sua atenção sobre um castelo medieval construído pelo Doutor Olímpio, misto de político e patriarca familiar em pleno pampa gaúcho, Assis Brasil apresenta-nos um domínio de lenda e realidade, explorando as conflituadas relações familiares e as cavilações políticas que se desenrolaram ao abrigo das grossas paredes de pedra. Neste romance são representados cenários de luxo e requinte aristocráticos, os quais fazem reviver uma condessa austríaca, uma filha daltônica, os saraus musicais da nobreza de Pelotas, a propaganda republicana, o Rio de Janeiro da belle époque, a Exposição Universal de Paris em 1889 - tudo permeado de intrigas pelo poder.


Pedra da memória
Segundo volume da série
Um castelo no pampa.

Mercado Aberto 1993

Com este livro, Luiz Antonio de Assis Brasil dá a continuidade à série Um castelo no pampa; aqui vemos o desenvolvimento da trama iniciada em Perversas famílias, e seguimos a trajetória vertiginosa do Doutor Olímpio, no período que vai da proclamação da República ao final da revolução de 1923. Mas não só: assistimos ao desenrolar das paixões do conflituado Proteu, a busca da felicidade de Páris e as mil peripécias por que passa o bastardo Astor, além de conhecermos as pequenas vidas dos serviçais do Castelo. Utilizando como cenários Lisboa, Londres, Buenos Aires, Viena, Porto Alegre, Pelotas e o pampa, o autor tece uma trama em que cenas de batalhas gaúchas se alternam com momentos pungentes e episódios burlescos.


Os senhores do século
Terceiro e último volume da série
Um castelo no pampa.

Mercado Aberto 1994

Este romance acompanha a epopéia pessoal do Doutor Olímpio. Despreparado para o declínio, sua personalidade contraditória é atingida brutalmente pelos inúmeros conflitos que sempre evitou encarar, e procura salvação num projeto espantoso. Vemos também a conclusão da história de Páris, que, no dizer da crítica e professora Regina Dalcastagne (Correio Brasiliense) trata-se de "uma das mais encantadoras personagens da literatura brasileira": é ele mesmo quem relata as surpreendentes histórias vividas com seus tios Beatriz e Astor, num jogo entre a fantasia e a realidade. Ao lado desses emerge uma notável figura de mulher, que constrói seu destino com obstinação arrasadora.



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edição brasileira


capa da
edição espanhola


cartaz do filme

Concerto campestre
L&PM 1997

A Lira Santa Cecília era o maior orgulho do Major da Guarda Nacional Antônio Eleutério de Fontes. Em meados do século 19, nas fronteiras vazias do pampa, um poderoso estancieiro mantinha uma orquestra particular. E entre a criadagem, o vigário, parentes e poucos amigos do vilarejo próximo à estância, ele ouvia, embevecido, os músicos executarem delicadas melodias para o seu deleite. Nesse clima mágico e insólito, o leitor se envolve num trama de suspense, na história do romance maldito entre o Maestro - mestiço e sedutor - e a bela Clara Vitória, única filha do estranho Major.

Leia um trecho do livro


Anais da Província-Boi
Mercado Aberto, 1997

Nas divertidas crônicas aqui reunidas, o autor da Série Um castelo no pampa ensina que o aspecto burlesco presente em todas as culturas nada mais é que um dos elementos fundadores de sua própria identidade.

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edição brasileira


capa da
edição francesa

Breviário das Terras do Brasil
L&PM, 1997

Sul do Brasil, inícios do século 18, próximo à zona conflagrada das reduções jesuíticas, na fronteira entre o Brasil e a as possessões espanholas. Em meio a uma tempestade no rio da Prata, agarrando-se desesperadamente a um Cristo de madeira por ele mesmo esculpido, o índio guarani Francisco Abiaru tenta manter-se à superfície. Quando tudo parece estar perdido, ele é salvo por um navio português. Suas feições de índio, e ainda o Cristo de madeira com olhos amendoados, fazem com que o índio seja acusado de heresia. Ao chegar ao Rio de Janeiro, Francisco Abiaru conhece os labirintos da Inquisição. Neste livro o leitor terá uma visão dos dramas provocados pelo Santo Ofício no Brasil: uma passagem de nossa História que segue na penumbra e que ressurge com toda sua violência e absurda rigidez dogmática.

Leia um trecho do livro



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edição brasileira


capa da
edição portuguesa

O pintor de retratos
L&PM, 2001

O fotógrafo francês Nadar (Félix Tournachon) era uma celebridade. Atravessou o século 19, indo morrer aos noventa anos em 1910. Por suas lentes cruzaram algumas das maiores figuras da época, de Victor Hugo a D. Pedro II. Diziam que ele capturava a alma dos modelos, e nisso era insuperável. Mas o protagonista deste romance é Sandro Lanari, um pintor de retratos nascido na Itália. Sua vida se transforma no dia em que vê, numa vitrine em Paris, a foto - feita por Nadar - da jovem Sarah Bernhardt, a que seria grande diva do teatro internacional. Fascinado pelo retrato, procura Nadar e faz-se fotografar por ele. O resultado desconcertante conduz Lanari a declarar guerra a todos os fotógrafos do mundo. Emigra para o Brasil, onde sobrevive como pintor de retratos até que, por uma circunstância ao mesmo tempo trágica e fortuita, torna-se também ele fotógrafo. Participa, sempre como coadjuvante, de revoluções pelo pampa, vagueia pelo interior do Estado, abandona a pintura, prospera como fotógrafo em Porto Alegre e finalmente retorna à Europa, onde o aguarda seu passado - e Nadar.

É a trajetória de um homem e seus desacertos, e de uma precária ambição. Seu paradigma é o de um grande artista, mas em que se transformou sua vida? Na perfeição do retrato de Sara Bernhardt pode estar a chave de tudo.

Leia um trecho do livro

O pintor de retratos - un extrait



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edição brasileira


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edição portuguesa


Prêmio Portugal Telecom 2004
(único romance entre os três primeiros classificados)


Prêmio Jabuti 2004 (2°classificado)
Câmara Brasileira do Livro

A margem imóvel do rio
L&PM, 2003

O título desde romance é retirado de um poema de Homero:
O silêncio, mesmo ao meio-dia,
mesmo no momento da maior lassidão do estio,
o silêncio zumbe sobre as margens imóveis dos rios.


Na penúltima década do século 19, no Rio de Janeiro, o Cronista da corte tem suas mornas e monótonas tardes de viúvo sobressaltadas por uma urgente tarefa profissional. Uma carta chegou ao Paço, endereçado à Sua Majestade o Sr. Dom Pedro II. Na missiva, um estancieiro gaúcho, Francisco da Silva, cobra a promessa feita vinte e um anos antes por Dom Pedro II de agraciá-lo com o título de barão, em reconhecimento à sua hospitalidade quando da visita imperial às terras do Sul. Como os registros oficiais nada revelam, o Cronista parte em missão ao interior da Província mais meridional do Brasil: quem será Francisco da Silva? Tudo deve ser conferido. Afinal, está em jogo a palavra do Imperador.

O Cronista deixa a sede tropical do Império, o esfuziante Rio de Janeiro e interna-se nas fronteiras gélidas e vazias do pampa em busca do misterioso estancieiro. Acaba por encontrar vários Franciscos da Silva, todos com histórias mais ou menos coerentes a respeito da visita imperial às suas terras. Com qual Francisco da Silva estaria a verdade? Este é o grande desafio que envolve a trama. No seu périplo pela Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, o funcionário imperial depara-se com os ambientes pesados e retrógrados da velha aristocracia rural gaúcha, mulheres assombradas por recordações e silêncios, aventureiros em busca de ouro, homens rudes do campo, forasteiros e outras personagens e situações que percorrem A margem imóvel do rio.

Leia o prólogo do livro



capa da
edição francesa

Música perdida
L&PM, 2006

Na grande tradição dos músicos de Minas Gerais, um deles se destaca: Joaquim José de Medanha. Ainda jovem, vai para o Rio de Janeiro estudar com José Maurício Nunes Garcia, a glória da arte colonial brasileira, e com o qual vê confirmada sua poderosa vocação. Circunstâncias incontroláveis, entre as quais certa música perdida e um drama de pecado e culpa, levam-no, de renúncia em renúncia, a abdicar de seu talento e acabar nas gélidas planícies do pampa.

A fama de Medanha, porém, decorrerá de um fato capital, que o faz mergulhar na mediocridade de uma carreira sólida e bem-estruturada. Ao final de sua vida acontece uma reviravolta, uma turbulência emocional que terá o dom de redimi-lo e transformá-lo.

Música perdida revela personagens como Bento Arruda Bulcão e uma grande mulher, Pilar, cujo amor é capaz de transformá-la numa autêntica heroína.

Este é um romance em que a música é protagonista e, junto a ela, os destinos de mulheres e homens que, humanizados, fazem da música o sentido de suas vidas.

Leia trechos iniciais do livro


Ensaios íntimos e imperfeitos
L&PM, 2008

Este é um livro de íntimas perplexidades.

“Íntimas” porque derivam de reflexões associadas ao sabor do conhecimento e da memória; "perplexidades" por serem intimidades vistas por um olhar liberto, deliberadamente ingênuo, quase infantil. O tema não poderia ser mais amplo: a existência humana e seus absurdos, suas incredulidades, seus paradoxos, seus momentos de graça e sua desamparada finitude. Neste breviário pessoal sobre tudo o que nos diz respeito, o romancista Luiz Antonio de Assis Brasil lança-se num gênero novo em sua obra.

Valendo-se de casos exemplares que simbolizam a multiplicidade da natureza das mulheres e dos homens, o Autor também revela, por meio de personagens conhecidos de todos nós, eloqüentes pontos de inflexão na história da Humanidade: é o caso da pulsão de Rimbaud rumo ao desconhecido, do último desejo de Napoleão Bonaparte, do implorar do moribundo Goethe por sua luz, da perene força da terapêutica de Freud, da noção de posteridade de Balzac, do último vôo de Santos Dumont e das derradeiras palavras de Maria Antonieta.

Percebe-se então que o conjunto das pessoas, vista por esse ângulo perplexo e íntimo, forma uma sociedade, não pelas qualidades físicas – e, portanto, transitórias –, mas pelo deslumbramento e abandono da alma frente à vida, à morte e ao traiçoeiro tempo que os liga.

Leia um capítulo do livro


Figura na Sombra
L&PM, 2012

Figura na sombra é um romance que ficcionaliza a história real de dois importantes homens da ciência do século XIX. Quando Aimé Bonpland, naturalista, conhece Alexander von Humboldt em Paris, não imagina o destino que começa a desenhar para si próprio. A viagem de cinco anos que empreendem às Américas será decisiva para o moderno conhecimento do mundo. Mas enquanto Humboldt retorna para a Europa com o objetivo de escrever sua obra máxima e conquistar a glória, o outro busca rumo diferente.

Luiz Antonio de Assis Brasil, nesta obra, desvenda o imaginário de Aimé Bonpland, francês, médico e botânico, testemunha da Revolução Francesa, que alcança as honras científicas mais desejadas e decide trocar tudo isso por uma vida bucólica ao Sul da América do Sul. Bonpland – ou Don Amado Bonpland, ou Gringo Loco ou, ainda, Caraí Arandu – protagoniza uma história repleta de episódios aventureiros – mas comprovadamente reais – que o fazem trilhar o mundo. De botânico de Josefina e Napoleão, a amigo de Simon Bolívar; de prisioneiro do ditador paraguaio Dr. Francia, que ficou célebre como “El Supremo”, a cultivador de erva-mate em São Borja, no Rio Grande do Sul, Don Amado foi figura única no rol da ciência e da história, um homem de dois mundos.

O grande tema de Figura na sombra é o amor que, entrelaçado às vicissitudes e pautando a longa vida de Aimé Bonpland, comparece em variadas formas: amor à natureza, à razão, às ideias, às leis da ciência, à beleza; amor erótico, platônico, fraterno. Por fim, o amor da aceitação, que se revela na entrega ao fluxo da vida, cujas leis e regularidades nunca estão inteiramente nas mãos de homem algum, nem dos mais sábios. Aimé Bonpland é essa figura na sombra, hoje nome de uma cratera da Lua, de um gênero botânico, de um asteroide, de uma montanha na Nova Zelândia, de um pico na Venezuela, de uma rua em Buenos Aires, de um rio na Patagônia, de um liceu na França e de duas cidades na Argentina. Este livro traz luzes sobre sua vida – mas sem retirá-lo da sombra que ele mesmo escolheu.

Leia um capítulo do livro

Leia a crítica de Juremir Machado da Silva

Leia a crítica de Zilá Bernd

Leia a critica de Carlos André Moreira

Leia a crítica de Luiz Paulo Faccioli

Leia a crítica de Débora Mutter

Leia a crítica de João Cezar de Castro Rocha

Jornal Açoriano Oriental, Ponta Delgada, Portugal, 21.dez.2012 - Vamberto Freitas


Leopold
Zain, 2023

E agora, o que faço de minha vida? Eis a questão que atormenta um músico ilustre durante uma viagem noturna na sacolejante diligência que vai de Viena para Salzburg. Estamos em 1785 e, perante dois ouvintes adormecidos, o músico rememora seu percurso como pai de um prodígio. Ele quer mostrar ao juízo da História que sempre proporcionou o melhor para o filho, quis fazê-lo o maior compositor da Europa e quando se dá conta de que o filho já atingiu essa condição, um drama agora o assombra: o que faço de minha vida?

Este livro não é uma biografia de Leopold Mozart, mas, sim, uma apaixonante novela, em que o autor, depois de anos de pesquisa e muita reflexão, traz-nos o que poderia ter sido esse ser humano e artista que experimentou a ventura e a vertigem de ser pai de um gênio inconteste da arte.

Homem que dominava todas as áreas do saber, católico fervoroso e iluminista, erudito, escritor, pedagogo, músico reconhecido por seus pares, mas que passou à posteridade, sobretudo, como o pai de Wolfgang Amadeus Mozart, Leopold ganhou fama ambígua, e somente estudiosos sabem o quanto ele teve luz própria e, principalmente, o quanto foi decisivo para a formação intelectual e musical de seu filho. O grande público, ao desconhecer esse fato, é levado a concebê-lo uma figura autoritária, circunspecta e egoísta. Talvez tenha um pouco dessas qualidades, sim, mas temperadas por um grande amor a Wolfgang, a ponto de voltar seus esforços para o ensino do filho e abandonar a composição musical a partir do momento em que Wolfgang deu mostras de uma precocidade que ainda hoje maravilha o mundo.


  Textos publicados no exterior

Em livro individual:

Espanha
:
Concierto Campestre. Madrid: Akal, 2003 (Trad. de Juana María Inarejos Ortiz).

França:
L´Homme Amoureux. Paris: L´Harmattan, 2003 [Trad. de Elaine Penny].

Bréviaire des Terres du Brésil. Paris: Le Temps des Cérises, 2005. [Trad. de Celso Libânio e Dominique Olivier]
Musique Perdue. Paris: Le Temps des Cérises, 2012. [Trad. de Vincent Gorse].

Portugal:
O Pintor de Retratos. Porto: Ambar, 2003.
A Margem Imóvel do Rio. Porto: Âmbar, 2005.
Um Quarto de Légua em Quadro. Ponta Delgada (Açores), Direcção Regional das Comunidades, 2005.

Em antologias:

Itália:

Perverse Famiglie. Nápoles: Scrittori Brasiliani. Giovanni Ricciardi, Tullio Pironti Editore, 2003.

Canadá:
Un château dans la pampa. Montreal: Liberté, vol. 36, 1994.

Alemanha:
Donnerstag - em Nachdenken über eine Reise ohne Ende. Berlim: Babel Verlag, 1994

Estados Unidos:
A Castle on the Pampa
. New York: Latin American Literature And Arts, vol. 53, 1996.