Oficina literária 30 anos

Para interessados na Oficina de Criação Literária, indica-se o seguinte link: 

 

PUBLICAÇÕES DE EX-ALUNOS

A Oficina da PUCRS


2015 - Jornal Zero Hora, de Porto Alegre, com matéria relativa aos 70 anos e 30 anos da Oficina.
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O trabalho total da "Oficina da PUC", que dirijo desde 1985 e que funciona junto ao Programa de Pós-Graduação em Letras, é dividido em dois semestres letivos; isso representa trinta encontros de quatro horas de duração cada qual. São aceitos os candidatos que passam por uma seleção que, com as naturais falhas que possam ter as seleções, visa receber pessoas que revelem intimidade com a literatura; oficinas há que aceitam pessoas sem experiência alguma, mas isso decorre de uma outra proposta, e respeitável e útil como tal. 

Uma vez admitidos, os alunos têm contato com a experimentação narrativa - visto que essa oficina destina-se por exclusivo à narração -, à busca da habilidade nos recursos que a ficção oferece; outrossim, realizam-se certos jogos, ao estilo dos praticados pelos poetas surrealistas. Esses jogos, em geral intrigantes, tendem a mostrar ao aluno que ele é capaz de criar. Ademais, estudam-se o tempo da narrativa, o espaço, o diálogo, as estruturas narrativas, etc., e isso acontece não apenas na intenção de conhecer esses elementos - coisa que um curso de letras dá conta -, mas para mostrar o arsenal técnico que um escritor deve possuir. 

No segundo semestre, para além da seqüência dessas atividades, o aluno pratica o conto, buscando adquirir competência no gênero; não porque o conto seja mais fácil do que as outras formas literárias, mas porque sua pequena dimensão permite uma análise mais direta. Neste semestre, fazendo par com a leitura de contos dos grandes autores, são feitos seminários sobre os contos escritos pelos próprios alunos. No debate sereno, mas firme, são examinadas as virtudes do texto e os eventuais problemas. Isso, aliás, é o que fazemos quanto aos livros que lemos: ou conversando com amigos, ou refletindo individualmente. No final, é publicada uma antologia que reúne os contos elaborados durante o período. São, por evidente, contos iniciais - mas alguns perfeitos e acabados - e assim devem ser entendidos. O empenho futuro de cada aluno será o fiel da balança. 

Caso o leitor queira informações sobre as inscrições, poderá ligar para (51) 3320 3676 (Secretaria do Programa).



OFICINAS LITERÁRIAS
Luiz Antonio de Assis Brasil 

Proposta formalmente nova, é compreensível que as oficinas literárias - também chamadas de laboratórios de textos, laboratórios literários, laboratórios de criação textual ou de redação criativa etc. - despertem curiosidade, receios, incompreensões e preconceitos. Tentarei, nas linhas seguintes, dissipar esses equívocos e, num momento posterior, caracterizar as oficinas e apresentar o trabalho que faço nessa área; para tanto, como é óbvio, terei de recorrer à primeira pessoa, pelo que me desculpo. Esclareço, por oportuno, que escrevi este artigo por pedido expresso do operoso e competente editor da VOX. 

Os laboratórios de texto tiveram seu início nos Estados Unidos, na década de 1930-40, mas foi a partir da Segunda Guerra Mundial que encontraram seu pleno florescimento. Assim, e por primeiro, tornou-se notório o Program in Creative Writing iniciado pela Iowa University em 1936, sob a direção de Wilbur Schramm; sucedido em 1941 por Paul Engle, que o regeu por vinte e cinco anos, o projeto ganhou a feição que o notabilizou: até hoje, são convidados escritores de múltiplas nacionalidades, para lá permanecerem por um tempo não inferior a seis meses. Realizam-se workshops dos mais variados gêneros, conferências, seminários e visitas a escolas; ao mesmo tempo, os participantes dispõem de apoio logísticos para trabalharem em paz - e isso quase sempre resulta num livro. Do Brasil, já tivemos participando João Gilberto Noll, Affonso Romano de Sant'Anna e Charles Kiefer, entre outros. 

No presente momento, quase todas as universidades norte-americanas possuem seus creative writing, e aqui citam-se a University Easter Washington, que trabalha com escritores residentes por temporadas; a University of Cincinnati, dirigida por Josip Novakovich; a Siracuse University, com seu Creative Writing de três anos de duração, findo o qual os alunos - vamos chamá-los assim, faute de mieux - submetem ao julgamento um livro, como thesis; a Rutger University; a Arizona University - seu Creative Writing Program completou vinte anos, com cem obras publicadas e vinte prêmios conquistados, entre estes o Pulitzer. 

Temos a referir a espantosa aventura pessoal de John Gardner (1933-1982), poeta, romancista e crítico, autor de The art of fiction, que por vinte anos atuou com writer's workshops. Um de seus alunos mais famosos foi Raymond Carver (1938-1988), autor de Will you please be quiet, please (1976). Cabe aqui aludir ao importante Associated Writing Programs (AWP), da George Mason University que, funcionando desde 1967, possui uma rede de 320 subsidiárias espalhadas em outras universidades e escolas - a de Nova York é a mais disputada. Estruturada sob a forma escolar, congrega escritores e alunos voltados para a criação literária e privilegia todas as formas, inclusive a poesia e o drama. São famosos seus concursos, com prêmios que vão de dois a dez mil dólares, além da publicação da obra. 

Da França vêm os ateliers d'écritures, iniciados nos finais dos anos 60 do século XX com Elisabeth Bing; mais recentemente, encontramos o reputadíssimo trabalho Claudette Oriol-Boyer, da Universidade de Grenoble III, diretora da revista TEM (Texte en main), que se tornou paradigmática para o desenvolvimento de oficinas, em especial aquelas destinadas ao público escolar do ensino médio. Na Espanha encontramos várias oficinas (em espanhol talleres) em funcionamento, destacando-se como bom exemplo, a Factoría de Alquimia Literaria, composta por diferentes talleres focalizados na criação literária e núcleos de informação. Já na América Latina, tem relevância a Universidad de El Paso (México), que criou um curso de Maestria en Creacion Literaria, bilíngüe, o qual mescla conteúdos da Teoria Literária com exercícios de produção de textos. Grupo bastante atuante na cidade do México é El Libro de los Gatos, dedicada a organizar e promover talleres e cursos. São bem reputadas as oficinas cubanas, com sua imensa dispersão envolvendo sindicatos e associações. Já a Casa de la Cultura Ecuatoriana é uma instituição articulada nacionalmente, com sede em Quito e com vinte e dois núcleos regionais, e que promove feiras de livros e talleres literarios. Da Argentina vem uma atividade interessante: trata-se do Taller Interactivo de Excritura - via correio eletrônico -, coordenado por Laura Calvo; originada na Revista de Criação Literária En el camino, está aberta à colaboração aberta ao público, que, remetendo suas produções, recebe avaliação criteriosa. Ainda da Argentina vem o taller de Ángel Leiva e os ministrados pelos conhecidos escritores Mempo Giardinelli [Luna caliente], Ricardo Piglia [O laboratório do escritor] e pelo professor Nicolás Bratosevich. Nosso vizinho Uruguai também promove vários talleres, que patrocinam reuniões e congressos para troca de informações, e registro aqui o labor de Washington Benavides, que é o Coordenador de Talleres do Ministério da Educação. No Paraguai encontramos Augusto Roa Bastos [Yo, el Supremo] como responsável por diversos talleres itinerantes, que ministra desde que voltou para seu país. O escritor Cyro dos Anjos, em 1962, deu início, na Universidade de Brasília, ao ciclo nacional das oficinas literárias, tendo o grande mérito - entre outros - de trazer à pauta a conveniência dessa classe de laboratórios. Entenda-se: como toda tentativa pioneira, encontrou resistências explícitas e veladas e, no caso, e compreensivelmente, entre os escritores. Em 1966 Judith Grossmann criou uma experiência congênere na Universidade Federal da Bahia, também com resultados entusiasmantes. Em 1975 aconteceu no Rio uma oficina importante, que foi regida por Silviano Santiago e Affonso Romano de Sant´Anna. A partir daí, as oficinas brasileiras encontraram grande acolhida, concentrando-se em geral nas instituições acadêmicas e em órgãos públicos; cito a título exemplar, o laboratório da poeta e professora Maria da Graça Cretton, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora da tese de doutorado Oficina literária: o artesanato do texto (1992). Há outras a nomear, e entre elas lembro as coordenadas por Suzana Vargas e Esdras do Nascimento, ambas no Rio de Janeiro. No Recife encontra-se a do excelente romancista Raimundo Carrero. Funcionam, ainda no Brasil, algumas oficinas on-line, como a de João Silvério Trevisan, denominada Oficina virtual de texto, e hospedada no site do SESC de São Paulo. 

No Rio Grande do Sul, antecedida por algumas desbravadoras iniciativas como a de Lígia Averbuck, foi instituída em 1985 a Oficina de Criação Literária que funciona, de modo ininterrupto, no âmbito do Curso de Pós-Graduação em Letras da Faculdade de Letras da PUCRS. Encarregado de implantá-la pela Prof. Dr. Regina Zilberman, Coordenadora do Curso, ministro-a desde aquele ano. Pela Oficina já passaram 450 alunos. No nosso Estado acontecem outros laboratórios das mais variadas orientações e periodicidades; não os numero para evitar omissões. 

Apesar de todo esse inequívoco acúmulo de realizações nacionais e internacionais, temos de convir que meio século de existência é pouco; será preciso que passe uma geração para que as oficinas sejam aceitas de modo natural e integradas sem restrições ao sistema cultural. Dessa forma, os atuais laboratórios pagam o preço da novidade, gerando um sem-número de mal-entendidos. 

Uma idéia recorrente é atribuir às oficinas uma espécie de uniformização dos textos dos alunos. Trata-se, este, de um pensamento simplificador, e todas as simplificações são vistosas. Temos de pensar um dado, contudo: se ninguém - repito: ninguém - apresentou estudo que viesse a comprovar essa alegada uniformização, circunscrevendo-se ao mero palpite, temos a considerar a realidade da série de vinte e seis antologias de alunos da "Oficina da PUCRS", editadas sob a denominação genérica de Contos de oficina: quem tiver o cuidado de lê-las sem prevenção, verá que ali estão presentes todas as temáticas e todos as opções técnicas imagináveis: há humor, há política, há sátira, há conflito íntimo, há conflito social; por outro lado, esses temas expressam-se na utilização dos mais variados narradores e procedimentos formais. Há textos lineares e fragmentados. Há experimentalismos e "bons comportamentos". Há contos curtos e contos longos. Se têm algo em comum, é a correção e a limpeza textual - o que, pelo sabido, ainda é uma virtude. É ler e conferir, já que os livros estão disponíveis para consulta. 

Uma segunda objeção, sedutora pelo charme de seu enunciado, é a de que nem Flaubert nem Eça (nem Dante, nem Cervantes, acrescento eu) freqüentaram oficinas literárias. É rigorosa e solar verdade; a conclusão de que um autor faz-se ex nihilo, porém, é falaz. Tanto Eça quanto Flaubert pensaram sobre suas composições; o autor de Os Maias submetia seus textos a colegas (Ramalho Ortigão foi um deles) e, em função disso, refazia a escrita, acertava a forma e refletia muito sobre o que escrevera. Flaubert possuía suas vítimas preferidas; em 25 de setembro de 1852, mandou uma carta a Louise Colet, na qual revela, a certa altura: "Começo a adiantar um pouco [a escrita de Mme. Bovary]. Esta semana foi a mais tolerável. Pelo menos, entrevejo algo no que faço. No domingo passado Bouilhet [Louis Bouilhet (1821-1869), autor de Château des coeurs] me deu excelentes conselhos depois da leitura dos meus esboços". Por outro lado, o mesmo Flaubert não teve dúvidas em dizer a Eugène Fromentin (1820-1876), em 19 de julho de 1876: "Não condeno senão uma coisa [na obra Les maîtres d´autrefois, de Fromentin]: talvez o tamanho. Seu livro teria ganho em intensidade se tivesse suprimido algumas repetições; a literatura é a arte dos sacrifícios". O jovem Balzac teve a firme influência e a colaboração de Auguste Lepoitevin (1793-1854) o qual, em estudo recente de Graham Robb [Balzac, a biography (1994)] aparece inclusive como parceiro literário nos primeiros romances do autor da Comédie humaine. Aqui ainda evoco as dezenas de cartas de aconselhamento literário que Anton Tchekov escreveu a seu irmão, pretenso escritor, corrigindo-o, sugerindo, quando não insultando-o. A aliança Borges-Bioy Casares é o exemplo mais célebre de mútuo estímulo e troca, o que deu origem àquele ser híbrido e caricatural de Gisèle Freund, Biorges. Antes de encerrar o parágrafo, remeto, a título de curiosidade, à célebre crítica que Machado de Assis escreveu ao O primo Basílio, na Revista O Cruzeiro, de 16 de abril de 1878. Ali, pela primeira vez, foi dita em português, a expressão "oficina literária". A certo instante do texto - na verdade, uma desanda geral - diz Machado: "[Eça de Queirós] transpôs ainda há pouco as portas da oficina literária..." Claro está que não se refere ao fenômeno moderno que nos agora nos ocupa, mas chama a atenção para a existência de uma técnica da literatura e para a necessidade de um aprendizado dessa técnica. 

Essas trocas de juízos e de conselhos são conhecidas de todos. Qualquer escritor com carreira antiga recebe originais para parecer - às vezes sem os pedir; quando calha, o escritor dá conta de sua leitura e responde, com eventuais sugestões ou críticas. Outrossim, o escritor recebe cartas (ou e-mails) comentando seu livro. Às vezes até ocorre um encontro pessoal. Ora, tudo isso é atividade típica de uma oficina: a diferença é que esta não possui o método das outras, as regulares. Quem trabalha com crítica genética sabe as mil modulações dos textos em sua evolução: as versões preliminares, que redundam na versão definitiva, são um rico material de estudo para comprovarmos o quanto a maioria dos autores depende de avaliações prévias daquilo que escrevem. Relembro aqui, a título de paralelismo, os estúdios dos artistas plásticos antigos e modernos: cercados de alunos, esses profissionais eram e são também mestres, ensinando ao noviço os artifícios de sua arte. Ora, essas atitudes de convívio configuraram laboratórios informais que, entretanto, não impediram o surgimento das academias de artes que vieram, por assim dizer, disciplinar o estudo, no intento de torná-lo mais eficiente. Por que haveria de ser diverso com a literatura que, salvo melhor juízo, é uma arte como as outras? 

Encaminhamo-nos assim, à constatação de que sempre houve oficinas, e eu diria mais: são tão antigas quanto a própria literatura. A oficina regular, no entanto, possui pelo menos quatro ganhos em relação àquelas, assistemáticas: a) o aluno se obriga a uma produção constante; b) as conquistas técnicas são mais rápidas, decorrentes da sistematização; c) enquanto o amigo e leitor/revisor ad hoc pode nos trair, ocultando-nos algo menos bom, os oficineiros e o ministrante comportam-se com liberdade ao avaliar os textos dos alunos e colegas; d) as leituras e análises são organizadas, visando um ganho mais efetivo. 

Preciso é então dizer, como corolário, que as oficinas não se constituem em fábricas de escritores, assim como as diferentes academias de arte - já seculares e incorporadas ao quotidiano - não fabricam pintores, escultores, músicos. São lugares de criação, troca de idéias e aconselhamento. Tal como acontece na vida. 

Ademais, o momento estético em que vivemos já não contempla espaço para o ignorante-iluminado, aquele escritor que desconhece seus métodos de composição e não consegue pensar sobre eles; hoje o escritor é versado não apenas naquilo que se denomina de cultura geral, mas é alguém que sabe discorrer sobre suas obras. 

Se é possível pensarmos a existência de pintores primitivos, não há escritores primitivos. Todos resultam de muito suor, muita leitura, muita informação, cultura e conhecimento técnico. A propósito, um número expressivo dos escritores atuais vêm do meio universitário, e essa é uma tendência universal. O espaço privilegiado de gênese e vivência dessa nova categoria de escritores é a oficina literária, e de forma crescente os escritores provirão de oficinas. Em nosso meio rio-grandense são inúmeros os casos, e o leitor que acompanha a cena dos livros conhece bem esses autores, pois estão aí, premiados, validados pela crítica e esgotando edições de suas obras. 

Pensado na raiz dos preconceitos e equívocos, percebe-se, subjacente, uma atitude algo elitista, algo reacionária, algo romântica - a que se concede o benefício da sinceridade - que leva alguns autores a acreditarem apenas na inspiração - palavra fluida e confusa, de viés esotérico - e no talento, que se nos afigura mais problemático, por dividir as pessoas entre talentosas e não-talentosas, partição inaceitável num mundo que se esforça para, sem discriminações, assimilar e a integrar as diferenças e as minorias. A propósito, há um interessante livro de Beth Joselow, chamado, muito significativamente, de Writing without the muse. (1995). 

Chega-se agora à pergunta: o que se faz, então, numa oficina literária? Para que a resposta seja satisfatória, peço a paciência do leitor para uma sumária explanação do meu plano de estudos - o qual, naturalmente, conheço melhor do que outros. 

O material que utilizo são, na maior parte, de elaboração pessoal, mas sirvo-me, e bastante, dos exemplos norte-americanos e franceses, por serem complementares: se por um lado os autores americanos trazem uma série de exercícios que visam à criação imediata (Muriel Anderson, Harry Golden, John Gardner, Dennis Whitcomb, Robert Meredith, Pauline Bloom, Don James, Susan Thaler, Rust Hills, entre outros), já os franceses (Odile Pimet, Claire Boniface, Andrée Guiguet, Nicole Voltz, Alain Andre, Raymond Queneau, etc.) buscam um aprendizado mais longo e mais profundo - isso não impediu que A. Duchesne e Th. Leguay publicassem em 1990 um livro a que denominaram, de modo ironicamente pragmático e provocador, de Petite fabrique de littérature, já um clássico. Dito isso, podemos tirar algumas conclusões, e para que fiquem bem claras, é preciso lembrá-las: 


Atividade mundialmente consagrada, as oficinas são uma característica do momento literário contemporâneo, que assim se renova e amplia no plano experimental. 

As oficinas sempre existiram, e apenas agora se institucionalizam sob a forma de um curso - passe a palavra - organizado por um escritor que é, ao mesmo tempo, seu professor.

As oficinas evidenciam, pela produção comprovável de seus alunos, que não são tolhidas as formas individuais de expressão literária; muito ao contrário: a discussão coletiva dos textos propicia diversidades estilísticas e de conteúdo, fazendo com que o aluno se aventure pela inovação estética.

O fato de freqüentar uma oficina não transforma ninguém em escritor, assim como freqüentar uma escola de dança não transforma ninguém em bailarino. 

É possível realizar uma carreira ou uma brilhante obra literária - e até ganhar o Nobel - sem que se passe por uma oficina, e a história está aí para confirmar de modo esmagador; contudo, numa oficina os caminhos tornam-se mais breves, e a possibilidade de erros de percurso é bem menor.

Não sendo o fim e nem o começo de nada, as oficinas demonstram ser uma passagem, e de reconhecido proveito. É só perguntar a quem já cruzou por elas.